A Pedra do Sol dá nome ao parque arqueológico da Serra do Cipó
Conhecida como Kûarasy Itá em tupi-guarani, a Pedra do Sol fica a cerca de 150 metros do centro de pesquisas do parque e é a razão de ele carregar um nome tão poderoso.
Vídeo do sítio arqueológico Pedra do Sol filmado em 360 graus por Daniel Carlos Botrel.

Deste afloramento é possível avistar outros sítios arqueológicos no alinhamento leste-oeste, além do sítio arqueológico da Lapa Rosa, localizado no imponente maciço da Pedra do Elefante.
Na baixada do Rio Parauninha também se destacam o Abrigo da Estrada e o Vau da Lagoa, duas importantes áreas de registro arqueológico.


Fotos do topo (primeira) e lateral (segunda) da Pedra do Sol por Daniel Carlos Botrel.

O sítio Pedra do Sol ocupa um ponto estratégico na paisagem, funcionando como um marco zero: a partir dele pode ter surgido a disposição dos demais sítios seguindo um planejamento topográfico impressionante — algo que se torna ainda mais evidente quando visto nas imagens de satélite.

Mapa mostrando o alinhamento dos sítios arqueológicos do Parque Pedra do Sol: Sítio do Cedro (1), Gruta dos Bichos (2), Pedra do Sol (3), Gruta do Seichú (4), Lapa da Dança do Sol (5) e Mata Capim (6).

O alinhamento da Pedra do Sol com os equinócios
A Pedra do Sol tem uma fenda natural por onde a luz solar passa durante os dois equinócios do ano, marcando com precisão a eclíptica do Sol.
Na face oeste, há uma pintura rupestre em negativo: efeito causado pelo desbotamento do corante que deixou uma espécie de raio X do grafismo original.


Foto da Pedra do Sol contra o céu noturno mostrando a Via Láctea (primeira) e a trilha de estrelas (segunda).

Pela relevância astronômica, a Pedra do Sol deu nome ao Parque Pedra do Sol, revelando o sofisticado conhecimento dos céus desenvolvido pelos povos originários que interpretavam a paisagem e utilizavam os astros como referência.
Conhecer os ciclos da natureza era essencial para os grupos nativos da Serra do Cipó.
A alternância entre cheias e secas moldava o modo de vida desses agrupamentos, determinando a disponibilidade de caça, de pesca, e dos frutos para coleta — influenciando diretamente a alimentação, migração e organização social.


Foto da Pedra do Sol vista de cima (primeira) e da pintura rupestre em negativo na face oeste (segunda).

As rochas e a contagem do tempo
O uso de afloramentos rochosos para acompanhar os ciclos do ano é uma prática antiga e presente em diversas partes do mundo.
No Amapá, o sítio de Calçoene é famoso pelos alinhamentos astronômicos que marcam os solstícios.


Fotos do sítio arqueológico Pedra do Sol mostrando as fendas dos solstícios e dos equinócios durante o dia.

Nas imediações do parque ficam o Dólmen do Equinócio e a Pedra Esculpida, que juntos com a Pedra do Sol compõe um museu a céu aberto ilustrando o avançado conhecimento astronômico dos originários de Minas Gerais.
No Brasil, a Serra do Cipó é um dos complexos arqueológicos que guarda alguns dos registros mais magníficos dessa tradição.
Vídeo mostrando o movimento do Sol na fenda da Pedra do Sol em diferentes épocas do ano.

São detalhes feito esses que ligam os povos ancestrais à rede contemporânea de conhecimentos sobre o tempo e o espaço.